Não é sobre o ataque às Torres Gêmeas de Nova Iorque, mas sim sobre o 1º “11 de Setembro”, o chileno, em 1973, do Golpe de Estado sobre o então Presidente, Salvador Allende.
Para entender: Allende tinha um governo de orientação socialista (Marxista), o que desagradava a elite chilena, a Igreja e Países que tinham negócios no Chile, que acabaram por apoiar uma Junta Militar para depô-lo. O líder desta Junta era o então General Augusto Pinochet. Em 11-09-1973 o Palácio da Moneda (sede do governo chileno) foi bombardeado e o Presidente Allende, encurralado, cometeu suicídio. Após o episódio a Junta Militar se estabeleceu no poder e, semanas mais tarde, nomeou Pinochet como Presidente do País.
O esporte está envolvido nesse golpe. À medida que o Colo-Colo (clube de futebol mais popular do Chile) avançava na Copa Libertadores da América daquele ano, mais o golpe de Estado era adiado. Inicialmente estava programado para Abril e Maio. Faz sentido, já que a equipe de futebol desviava a atenção da população para o esporte em detrimento da política. Mesmo não sendo fanático pelo jogo, diziam que Allende ficava mais tranquilo a cada vitória do Colo-Colo. Colocolino fanático, Pinochet e aliados sabiam que o golpe não teria adesão popular caso fosse executado durante a euforia popular pelo futebol. Segundo o jornalista Víctor Gómez, o futebol era, naquele momento, o único ponto de união de um País prestes a viver a pior crise de sua história.
O Colo-Colo perdeu a final da Libertadores para o Independiente, em Junho de 1973. No mesmo ano, a Seleção Chilena passa pelo Peru nas Eliminatórias para o Mundial FIFA 1974. Passava a enfrentar, na repescagem, a União Soviética, País socialista e que diplomaticamente estava muito próximo do governo Allende. O golpe de Estado serviu para anular o socialismo que crescia no Chile. No primeiro jogo, em Moscou, em 26-09-1973 (15 dias após o Golpe de Estado), vitória chilena por 2 a 0. O jogo de volta estava marcado para Novembro daquele ano. Temendo pela segurança da sua seleção, os soviéticos recusaram-se a viajar para o Chile. Perderam por W.O. (Walk-Over) e os chilenos se classificaram para a Copa do Mundo FIFA de 1974. Meses mais tarde o Estádio Nacional (onde seria o jogo contra a União Soviética) tornava-se presídio a céu aberto para perseguidos políticos.
Caszely, principal jogador do Colo-Colo e da Seleção Chilena, teve um familiar preso pela ditadura de Pinochet. Dizem que só jogou o Mundial de 1974 sob a condição de que soltassem seu parente. E assim foi.
E assim foi também outras vezes. Quatro anos mais tarde, o argentino Videla usava o Mundial FIFA de 1978 como ferramenta de promoção do governo. Essa relação é inevitável. O esporte age sobre as massas e governos trabalham diretamente com elas. Isso não vai acabar.
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