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O Código do Bom Espectador

Aplauda as boas jogadas da sua equipe e as do adversário também.

Mostre respeito pelos adversários da sua equipe, sem eles não haveria jogo.

Condene o uso da violência em todas as suas formas.

Respeite as decisões do árbitro.

Respeite o silêncio necessário para a concentração dos jogadores das duas equipes.

Mostre respeito pelos torcedores da equipe adversária, afinal eles são os convidados do seu clube.

Estas frases fazem alusão aos jogos de Rugby e estavam em um quadro no Club Tacurú, em Posadas, Argentina. Isso é o Rugby!

O Produto Esportivo

São produtos esportivos: a NBA (Associação Nacional de Basquete-EUA), a Liga dos Campeões da UEFA (União Europeia de Futebol), a J-League (Liga Japonesa de Futebol), a Heineken Cup (principal torneio de equipes de Rugby na Europa) e o “6 Nações” (renomada competição de seleções de Rugby), por exemplo.

Não são produtos esportivos: o Campeonato Brasileiro de Futebol e a Copa Santander Libertadores. Nas duas competições são poucos os atrativos: não há organização, os estádios são péssimos. Nos jogos à noite, a iluminação é precária. O trabalho da imprensa é dificultado. Na transmissão das partidas, os microfones instalados à beira do campo reproduzem palavrões infindáveis. O ouvido do telespectador não precisa sujeitar-se a isso. Para não falar dos sites, sem quaisquer estatísticas ou informações.

Levando tudo isso em linha de conta, qual o apelo comercial destes torneios? Jogo bonito? Raça argentina, garra uruguaia? Enganaram-se. Poderia ter, certamente, mas as instituições esportivas organizadoras destas competições não a desenvolvem para tal. Faz-se um excelente evento que foi o sorteio dos grupos para a Copa Santander Libertadores, mas a CONMEBOL (Confederação Sul-Americana de Futebol) permite os clubes jogarem em estádios com capacidade para dez mil pessoas.

Como diz Zico, ex-futebolista: “Troca-se uma lâmpada. Queimam outras quatro.”

Levar a Taça pra Casa

Levar uma Taça pra casa. Todos os clubes do planeta trabalham o ano todo para ter a Taça “em casa”, no clube. Não pode ser qualquer troféu, há de ser “a” Taça.

Dentre os fatores que tornam uma determinada Taça (notem que escrevo com letra maiúscula) o objetivo de um clube, podemos elencar: competitividade do torneio, número de equipes, número de jogos, duração do campeonato, clima e atmosfera. São fatores como estes que fazem da Taça da Copa Santander Libertadores, algo tão sonhado entre os clubes. Ter um pequeno pedaço de metal com o nome do teu clube, não tem preço. Crescer a ver

Ter esta Taça abaixo (que Francescoli e Pelé já levantaram) por uma tarde lá em casa é o não ter preço elevado ao cubo, quarta, quinta ou sexta potência. Não limparei – tão cedo – a superfície de onde esteve.

Nobre visita

Nobre visita

Clubes Migrantes

Nos Estados Unidos, o regulamento das ligas como NBA (basquete), NFL (futebol americano) permite que as equipes, conhecidas como franquias, mudem de cidade. Aqui no Brasil, no futebol daqui (o de 11), não há instrumento que impeça, mas não é uma prática comum. A cultura desportiva Estadunidense aceita tal mudança, a Brasileira, herança da Europeia, já não.

Primeiramente os clubes aqui tem muita ligação com o lugar de origem. Salvo exceções, nos EUA as equipes que possuem identidade com o lugar são as de “high school” e as universitárias. As exceções são, nomeadamente, os NY Yankees (beisebol), os NY Giants, os SF 49ers (ambos no futebol americano) e os LA Lakers (basquetebol). Atualmente, os Grizzlies, no basquetebol, de Memphis, já foram de Vancouver. No futebol americano, os Raiders, antes de Los Angeles, são de Oakland. Essas equipes, ao proporcionarem bons jogos, ao conquistarem resultados e ao tratarem o público como consumidores, registram rendimentos. Entretanto, estas franquias não se mudam para quaisquer cidades.

No Brasil, o GR Barueri foi para Presidente Prudente. O Guaratinguetá está a caminho de Americana, casa do tradicional Rio Branco EC. O Votoraty por pouco não foi para Ribeirão Preto, sob o nome do Comercial FC.

Oras, o GR Barueri saiu de um grande centro para uma cidade de economia bem menor e muito distante. Fatores estes que custarão (custam e custaram) na preparação da equipe para os campeonatos. O campeonato em questão é o Brasileiro da Série A. Hoje eles ocupam a última colocação e estão quase rebaixados à divisão inferior.

O Guaratinguetá vai para Americana. Obviamente, mudará de nome. Entretanto, qual o vínculo deste novo clube com a cidade? Nenhum. Há espaço para mais um, se já existe o Rio Branco? Não. Qual o interesse da Prefeitura daquela cidade com o novo clube? Por que então não direcionaram os investimentos para o Rio Branco? Afinal, todos que acompanhamos o futebol sabemos que o Rio Branco é de Americana. Quero saber até quando isso vai durar.

E os torcedores do Guaratinguetá, como ficarão? Órfãos! 

Desde já isso mostra que o futebol exige muito mais recursos financeiros para a manutenção dos pequenos clubes, uma vez que alega-se a mudança do Guaratinguetá para Americana em função da falta de ajuda do poder público local. É por isso que a disparidade entre os clubes da capital e do interior, em todo o Brasil, está absurda. Antes, várias equipes faziam frente aos grandes. Hoje, já nem tanto.

Outra constatação é que os clubes “migrantes” necessitam urgentemente fazer um estudo de mercado para poderem escolher as cidades onde poderão morar. 

Torcedor do Votoraty, clube que, por problemas financeiros, desistiu de disputar o Paulista 2011. Foto: Gilson Hanashiro, Agência Bom Dia

Torcedor do Votoraty, agora órfão, depois que, por problemas financeiros, o clube desistiu de disputar o Paulista 2011. Foto: Gilson Hanashiro, Agência Bom Dia

Há alguns anos o argentino Racing Club esteve por fechar. Lembro-me de haver lido em uma revista que, para o torcedor do Racing, o problema não era o clube acabar, mas sim, para quem torcer a partir de então.

Ser Rugbier

É entender que o respeito é inegociável. É viver com paixão cada momento da vida. É superar a adversidade. É perceber que o esforço é o único recurso para se alcançar algo. É escutar os maiores, porque por algum motivo eles são maiores. É se “acabar” no campo, nunca se acabar fora do campo. É imitar os bons gestos que nos cercam. É pensar antes de agir. É compartilhar. É saber que o árbitro sempre tem a razão, mesmo que se equivoque. É ter a humildade de aprender e, logo, a mesma humildade para ensinar. É dizer não à violência, é fazer amigos todos os sábados e domingos. É compartilhar o terceiro tempo até o seu final. É assumir um compromisso. É sonhar o tempo todo. É ensinar com o exemplo. É ganhar mesmo com a derrota. É cuidar do seu clube. É caminhar com a cabeça erguida para sempre. É saber que o compromisso, a disciplina e todos os valores do Rugby vão para mais além do campo e do clube, e que devem ser difundidos para todos os ambientes da vida*.

* – Extraído de cartaz

3 anos

Boas! Hoje este blog completa 3 anos! 1096 dias com 49.852 visitas até este momento (30 Set 2010 / 9h50 / GMT -3h). Para os que gostam de estatísticas: 45,49 visualizações/dia. Número surpreendente para a 1 visita/dia esperada pelo blog em seu início de “vida”.
Pela paciência, grato.

Ovaladas

O lançamento – há alguns dias – de anúncio da Topper sobre o Rugby levantou várias discussões. Uma delas trata do porquê a modalidade não haver se desenvolvido no País, a ponto de figurar com o basquete e o voleibol entre as modalidades mais populares, uma vez que, de acordo com a história, Charles Miller (precursor do futebol no Brasil) trouxe consigo a bola de Rugby também.

Até agora existem hipóteses que podem nos direcionar nestas discussões, entretanto, poucas convincentes. Ademais, existem aquelas hipóteses “sociológicas”, de que o futebol se adapta melhor ao estilo de vida Brasileiro, de improviso, de imprevisibilidade. Que a trapaça/enganação faz parte do cotidiano do Brasileiro, por isso o não-contato e o desenvolvimento do drible no futebol.

Veja bem, é bastante difícil definir um Brasileiro, afinal, existem Brasileiros de vários lugares do País. No Rugby, assim como em qualquer modalidade esportiva, é necessário improvisar e ser criativo: obviamente há espaço para o drible e existe o drible, uma maneira de “trapaça” esportivamente aceitável. Querem mais imprevisibilidade do que a direção de uma bola de Rugby depois de tocar o solo?

São José x Desterro - Brasileiro de Rugby 2010 - Foto: Sylvia Diez

São José x Desterro - Brasileiro de Rugby 2010 - Foto: Sylvia Diez

A argumentação sociológica para explicar o sucesso do futebol e a falta de popularidade do Rugby é evasiva e sem quaisquer fundamentos. Em futuros textos, discutiremos a argumentação “técnica”.

Promoção das 50 mil visitas:
Este blog caminha para as 50 mil visualizações! Vá na seção “Quiz” e responda a primeira pergunta da lista. A primeira resposta correta concorrerá a um prêmio; ele ainda não foi definido, mas tentem lá!

Já há um vencedor: Felipe Corbellini, de Campinas do Sul/RS, respondeu corretamente e receberá o prêmio. Concurso contou com auditoria da KCW Kratus Consultancy Worldwide

A TV, o Esporte e o Brasil

Passado sábado (18) a primeira transmissão oficial de uma emissora de TV no Brasil completou 60 anos. O Brasil não seria o Brasil se não fosse o esporte; o esporte seria menos sem a TV; e o Brasil também não seria o Brasil se não fosse a TV.

O esporte apresenta-se como um dos poucos fatores de integração nacional, através das seleções nacionais. A TV integra todos os quase 9 milhões de km² do País e mostra, inclusive, as conquistas destas seleções nacionais, quer seja do futebol ou do voleibol; em nível individual: do automobilismo e do tênis. Faz, de certa maneira, os Brasileiros dos 4 cantos sentirem-se mais Brasileiros, ao mostrar – em um País com vários países – algo em comum entre eles.

A TV forma ídolos e referências no esporte. Talvez sem a TV não teríamos registros das grandezas que estes esportistas realizam/realizaram. Talvez o ídolo não seria assim tão ídolo, a velocidade de Usain Bolt não seria a mais rápida, a ultrapassagem de Senna não seria a mais arrojada, a “mão-de-Deus” de Maradona seria uma fábula e os golpes de Mike Tyson não seriam tão potentes; os neozelandeses do Rugby não passariam de contos.

Câmera no jogo Uruguai-Alemanha, pelo Mundial FIFA 2010

Câmera no jogo Uruguai-Alemanha, pelo Mundial FIFA 2010

O Brasil precisa do esporte e o esporte precisa da TV. O Brasil não seria o mesmo sem a TV, assim como o esporte. Afinal, o esporte precisa de divulgação; e a TV, de conteúdo para a audiência. O esporte gera emoções, quebra a rotina, providencia conflitos. O ser humano tem certas e imediatas necessidades que a TV resolve.

“Argentinidad”

Existe no cotidiano do Brasil uma rivalidade tonta com a Argentina e em menor escala naquele País com o Brasil. Como se um fosse uma ameaça para o outro, como antes, nas Guerras do Prata ou da Província Cisplatina. Isso já era há muito tempo. Muitos deles vieram pra cá e contribuíram para a construção e grandeza do Brasil. Nomeamos? Pois bem:  Hector Babenco, Irma Alvarez, Carybé. Nos esportes: Sebastian Cuattrin e Fernando Meligeni.

Nos esportes, sugiro vermos nossos vizinhos com bastante respeito e admiração. A cultura poliesportiva argentina nos dá a impressão de aquele País possuir números como os de países com altos níveis sócio-econômicos. Em quaisquer modalidades os vemos em destaque: tênis, golfe, basquete, voleibol (seleção juvenil atual campeã sulamericana), pugilismo, automobilismo (TC 2000 como uma das principais competições no mundo) e hóquei no campo.

Se o Brasil quer ser uma potência Olímpica (e, por consequência, em vários desportos), deve olhar logo ao lado. E já começaram. Grandes exemplos disso são o Rugby e o basquete. Nesta modalidade, Rubén Magnano – campeão Olímpico em 2004 – foi trazido para resgatar os dias gloriosos basquetebol Brasileiro. No Rugby, Toto Camardón tem levado as Seleções Brasileiras para níveis cada vez mais altos.

Ramiro "Mocho" Mina (capitão da Seleção Brasileira de Rugby) e Toto Camardon. Foto: Rafael Silva

Ramiro "Mocho" Mina (capitão da Seleção Brasileira de Rugby) e Toto Camardon. Foto: Rafael Silva

Quando indagados o por que de gostarem de trabalhar no Brasil com estas modalidades, respondem: “profissionalismo”. Ora, se sem profissionalismo a Argentina alcança bons resultados no esporte, imaginem então se houvesse. Para estas duas modalidades, é preciso mais ainda trabalharem para a difusão de uma cultura de muitos esportes no País.

Muita gente – nos esportes – não valoriza o que é estrangeiro, sobretudo argentino. Isso é característica de pessoas pequenas e medíocres. É preciso repensar estes conceitos, temos sempre muito para aprender: ver realmente quem está ao lado – literalmente e em sentido figurado – do Brasil.