Archive for the 'Opinião' Category



12 de Junho de 2014

Chegou o grande dia!

Hoje é o pontapé de partida de mais uma situação que coloca o Brasil à prova, como este blog tem tratado nos últimos anos, sobre o mundo visto pelo Brasil e o contrário sobretudo.

Se o País quer ser atuante na conjuntura – em quaisquer dos aspectos – internacional, deve demonstrar sua grandeza ao realizar e organizar este evento. Encarar isso como um legado do Brasil ao mundo. E isso não parte apenas de quem organiza, mas também de todos os que aqui vivem. Afinal somos os anfitriões.

Qual a impressão que queremos deixar para o planeta? Nada mais apropriado do que usar uma expressão do rugby para vislumbrar o Brasil (fora de campo): “vai pra cima, vai por essa, Brasil!”

A Dez Dias

2 de Junho de 2014, 9:22h.

Estamos a 10 dias do Mundial de Futebol FIFA. Grande evento esportivo, é verdade. A empolgação ainda é tímida, longe dos dez dias após a escolha do país como sede do evento, em 30-10-2007. O clima vai aumentar conforme a Copa acontecer e a seleção brasileira de futebol avançar.

Nunca vi tanta polícia nas ruas. Os protestos ainda são tímidos. A TV aberta já iniciou a cobertura especial. Aos poucos a Copa tem tomado corpo, ganhado cara. Mas ainda está longe de ser o que era, das reações que provocava na torcida, do clima produzido.

Pelo desenvolvimento das comunicações, o esporte e em especial o futebol está em todas as partes, a qualquer hora. Há menos de duas semanas foi disputada a final do europeu de clubes, com futebolistas do mundo todo. Parecia jogo de Mundial. A oferta de produtos está maior, o que faz da Copa “o evento a mais”, e não “o evento”.

Sete minutos para escrever este pequeno texto, em 2 de Junho de 2014, 9:29h.

Ensaio do Brasil…Confirmado!

Este texto é o #400

Brasil24x16Chile

É com grande alegria e honra que escrevo o texto número 400 deste blog sobre o rugby brasileiro. Em 25 de Abril de 2009 escrevi algumas linhas com o título: “Ensaio para o Brasil”. Falava sobre as grandes expectativas dos hoje Tupis, para o Sul-Americano daquele ano. Os resultados não foram animadores: derrotas de 79 a 3 para o Chile, 71 a 3 para o Uruguai, vitória de 36 a 21 sobre o Paraguai. Foram até tema de anúncio da Topper.

De cinco anos pra cá muito aconteceu. A seleção feminina joga o circuito mundial, o Brasil já recebeu etapa desse circuito, há uma parceria no alto-rendimento com a principal escola de rugby mundial, há uma comissão técnica profissional dedicada aos jogadores, os atletas passam por um processo de profissionalização, campeonatos nacionais transmitidos ao vivo pela televisão e, o melhor de tudo, há uma estrutura profissional consolidada e planejada para o crescimento e desenvolvimento do esporte. Para que houvesse isso hoje, houve muitos bastidores: Leis de Incentivo, SiConv, patrocínios, equipe de trabalho, Centros de Treinamentos, transportes, viagens, preparação, dentre vários detalhes. Para o crescimento de um esporte no Brasil, não tem fórmula mágica. Segredo para isso: trabalho, trabalho, trabalho, no início voluntário, mas mesmo assim, muito trabalho.

Tudo tem dado certo, tudo tem ido pra frente. Isso é o mais importante.

Cinco anos e um dia depois, em 26 de Abril de 2014, no mesmo campeonato Sul-Americano, jogando em estádio digno de receber seleções nacionais, o Brasil vencia o Chile, por 24 a 16, transmitido pela televisão para todo o território nacional. Esta é a realidade hoje. Que venham mais! Obrigado Brasil, obrigado Tupis!

PS: para acessar o texto de 2009, basta ir à ferramenta ‘busca’, aqui um pouco acima à direita neste blog e inserir ‘ensaio do Brasil’; ou ir direto ao link: https://virgilioneto.wordpress.com/2009/04/25/ensaio-do-brasil/

 

 

A ONU e o Esporte

OlympicFlag_0Finalmente. Foi assinada nesta semana em Genebra, acordo entre a Organização das Nações Unidas e o Comitê Olímpico Internacional, que faz desta entidade membro-observador da ONU. A maior organização internacional (em número de países filiados) é agora oficializada como ator em um cenário internacional.

Isso veio tarde, mas o mais importante é que veio. O esporte consegue fazer o que política, diplomacia e boinas azuis não conseguem. Educar, harmonizar, construir bases para um ambiente sadio às crianças para que, em um futuro a sociedade desfrute de estabilidade social, política e econômica. A ONU é a organização internacional mais atuante através dos seus organismos e comitês. No entanto, entidades internacionais de administração do esporte, como a FIFA (futebol), FIBA (basquete) e o COI (Comitê Olímpico Internacional) reúnem muito mais países e conseguem atuar em lugares que a ONU não consegue.

Para finalizar, repito. Um país recém-independente, para ser reconhecido formal e informalmente, toma duas atitudes: filia-se à ONU e participa dos Jogos Olímpicos, respectivamente. Nesta última, uma forma de dizer ao mundo: “Olá, eu existo.”

Interior e Interiores

Este blog se propõe a falar de assuntos do esporte e do mundo, mas gosto de falar do esporte de alto-rendimento distante dos grandes centros do Brasil, sobretudo do futebol.

Há alguns dias o Ituano foi campeão paulista de futebol. Cento e noventa quilômetros dali o XV de Jaú, clube da minha cidade (um pouco menor que Itu), amarga péssima campanha na última divisão estadual. A equipe não é boa, pois não há dinheiro. Não há dinheiro porque não há bons jogos que atraiam torcedores, nem televisão para chamar atenção dos patrocinadores.

Vou aqui apontar alguns fatores que explicam o êxito do Ituano e o insucesso de equipes como o Noroeste, o XV de Jaú e o América (Rio Preto). Em primeiro lugar, gestores em uma escala hierárquica que vivem o dia-a-dia do alto-rendimento. Em segundo lugar, o orçamento (gasta o que se pode). Em terceiro lugar, um grande patrocinador que confia neste gestor e tem o retorno esperado. Em quarto lugar a continuidade do trabalho: o sucesso do CA Ituano não surgiu da noite pro dia. Juninho Paulista há anos está no clube da sua cidade natal. O mesmo destino terá o Mogi Mirim E. C. daqui alguns anos.

As equipes que citei no parágrafo acima e que não tiveram sucesso, perderam uma grande chance, como o Noroeste e o América, de Rio Preto, que tiveram grandes patrocinadores locais. Não é o caso do XV, cuja solução mais imediata é licenciar-se, fazer um balanço e retomar as atividades quando houver planejamento.

Uma Copa para o Brasil (Oportunidade Perdida)

texto de 12 de Novembro de 2007 para o extinto vejau.com.br

Muitos sabem: daqui a menos de sete anos o Brasil será palco do segundo maior evento do planeta: a Copa do Mundo de futebol. Candidato único de um antiquado sistema de rodízio de continentes – já posto abaixo -, figuras folclóricas do futebol brasileiro e da política nacional estiveram em clima de oba-oba na sede da Federação Internacional de Futebol (FIFA) para o anúncio oficial e acabaram por celebrar o óbvio, como se a escolha do Brasil tivesse sido muito difícil.

Só de imaginar o superfaturamento das obras e o rombo no orçamento que houve nos Jogos Panamericanos deste ano e pensar que isso pode se repetir para o Mundial 2014, porém em proporções muito maiores, já é decepcionante. Pensar que muitos grupos de interesse serão favorecidos em detrimento de toda uma sociedade, também. Que a organização da Copa será marcada por uma guerra de egos e disputas pelo poder, não há dúvidas. A partir disso tudo, realizar um Mundial de futebol seria um disparate e há aqueles que dizem isso mesmo e com razão. Existem muito mais pontos em que o governo deveria dar prioridade em vez de concorrer a ser a sede de uma Copa. Como montar um evento desta magnitude se não há no país uma infra-estrutura adequada para receber um turista? Sem falar na segurança, nos transportes e em educação.

Por outro lado, a realização de um Mundial pode ser vista como uma oportunidade para que muita coisa mude no país. Para tal, são necessários: vontade, boa vontade e visão. Uma Copa do Mundo não é feita apenas de estádios. Muito se fala deles, mas como pensá-los se não há um sistema adequado de transportes (rodo, ferro, aero e metroviários) que permita um torcedor se deslocar para ver um jogo ou um espetáculo com conforto e segurança? Caso queiram estádios modernos, porque então “remodelar” Maracanãs e Morumbis, ultrapassados, cujas reformas ainda os deixarão aquém dos grandes estádios do mundo? Basta comparar. É preciso aproveitar esta oportunidade de receber um evento de tamanha importância para planejar a urbanização das cidades do país e investir na infra-estrutura de transportes (ressuscitar as ferrovias, solucionar pelo menos até lá a crise da aviação nacional e melhorar as estradas) e com isso realmente integrar o país. É uma oportunidade também para que o governo invista em educação. Para algo tão importante como uma Copa, é preciso que a população esteja preparada para ser a anfitriã. A China investiu maciçamente nos últimos anos na educação dos seus cidadãos tendo em vista a realização das Olimpíadas de 2008.

Se tudo isso realmente acontecer, o número de empregos que será criado é incalculável, muita renda será gerada antes, durante e depois do Mundial. Em suma, é uma grande oportunidade para o país crescer. Se o Produto Interno Bruto da Alemanha aumentou com a organização da Copa do Mundo do ano passado, os efeitos poderão ser muito maiores no caso brasileiro. Caso o Brasil consiga organizar a maior Copa de sempre e dar a si mesmo a chance de crescer, é preciso muita seriedade e comprometimento. Vai ser necessário começar do zero em tudo. Não adianta nada a cidade ter a melhor rede hospitalar do país, se não está ao alcance de todos. Não adianta também a cidade ter os cartões-postais mais famosos, porque cartões-postais não fazem copas do mundo. Começar do zero nos estádios. Estádios novos, isso mesmo. Reformar o Maracanã sob a alegação que daria um “charme” para o torneio? Não se sabe desde quando o charme de algum estádio é responsável por um bom mundial. Se até Wembley, palco da maior conquista esportiva da Inglaterra (Copa de 66), foi demolido! O Maracanã nem por isso (perdemos em 1950), muito menos o Morumbi. Que o Mundial de 2014 seja, como o Presidente mesmo disse, para argentino nenhum botar defeito, mas que também não seja um evento feito apenas “para inglês ver”.

compare caro leitor este texto, escrito em 12-11-2007 com os dias de hoje

Arrecadação de Recursos x Vaquinhas

Está em curso uma campanha de arrecadação de recursos para a Laís Sousa, atleta Olímpica de esporte de inverno que acidentou-se pouco antes dos Jogos em Sochi. O destino dos recursos arrecadados é o tratamento dela.

A campanha começou no domingo e ainda bem, vai muito bem!

No outro extremo, fazem vaquinha para libertar presos acusados do mensalão. Centenas de milhares, milhão de reais juntados em questão de poucos dias, para soltá-los. Mas mesmo tempo comprar acesso ao partido político, à concorrência, à licitação, ao lobby, à informação, à vantagem.

Ao mesmo tampo há tantos atletas com enorme talento que procuram por patrocínio que não têm.

Tantas microempresas com ideias inovadoras que buscam por créditos extremamente burocráticos, que não dão.

Grupos de pesquisa acadêmicos que dependem de um financiamento, que demoram para ceder.

Tudo errado.

Única

Isadora Williams competiu ontem pelo Brasil nos Jogos Olímpicos de inverno, em Sochi. Segundo ela mesma, o desempenho não foi o melhor. Entretanto, em vez de reclamar e apontar responsáveis ou irresponsáveis, ela simplesmente pediu desculpas. Imenso exemplo de simplicidade e brio. Única.

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Que o que ela fez e o que ela disse sirvam de exemplo para uma classe política brasileira que fala demais e age de menos.

Obrigado, Isadora.

Devasso

É estranho um Deputado Federal ser garoto-propaganda de uma marca de cerveja. Nada contra a bebida, sou apreciador dela. No entanto ela está relacionada aos incidentes no trânsito e violência doméstica. Um cargo público como o que exerce Romário exige decoro e compromisso para com uma sociedade.

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De nada adianta questionar grandes eventos esportivos, origem e destino de recursos destinados ao esporte. Dê-se o respeito. Se a moda pega teremos parlamentares que farão anúncios de pizzaria ou de fogos-de-artifício.

Mudando de assunto de Pato pra Ganso (que agora jogam na mesma equipe), alguns torcedores peruanos presentes ao jogo do Real Garcilaso conta o Cruzeiro nesta semana (12/2) pela Taça Bridgestone Libertadores mostraram ao mundo como voltar pra trás. Justo no Peru, país com etnias que historicamente não se entendem entre si (brancos x nativos; negros x brancos; negros x nativos). O maior ídolo do esporte no Peru, Teofilo Cubillas, é negro, como o Tinga (vítima de racismo naquela partida).

Para finalizar, os TOP 10 da France Football de fevereiro/2014:

1) A FIFA não pediu pro Brasil sediar a Copa. Foi o contrário.

2) A corrupção no Brasil é endêmica, do povo ao governo.

3) A burocracia é cultural, tudo precisa ser carimbado, gerando milhões aos cartórios brasileiros.

4) Tudo se resolve na base de propinas.

5) Integrantes do governo Lula estão presos por corrupção. Mas artistas e grande parte da população acham que eles são honestos e fazem campanha para arrecadar dinheiro para eles.

6) Hoje, tudo o que acontece no Brasil é culpa da FIFA. Antes, era dos EUA. Antes ainda era de Portugal. Os brasileiros não têm culpa de nada.

7) A carga tributária no Brasil é altíssima, maior que a da França. E os serviços prestados comparáveis aos do Congo.

8) Mas o brasileiro médio pensa que mora na Suíça.

9) A FIFA, como imagem institucional, busca não se associar a ditaduras. Excluiu a África do Sul durante o Apartheid e recusou candidaturas chinesas.

10) Nos corredores da FIFA fala-se que a Copa no Brasil é o maior erro da instituição.

Imagem da Marca

Hoje pela manhã assistia ao ‘Redação SPORTV’, programa que gosto muito. Em uma certa altura comentaram uma nota no ‘O Globo’ sobre a intenção de uma patrocinadora do CR Vasco da Gama em romper com o clube em função da briga da sua torcida no último dia 8/12, em Joinville. Alega a marca de não querer estar associada a uma instituição cuja torcida é uma das protagonistas daquelas cenas de brutalidade, selvageria e covardia.

Em seguida os convidados opinaram sobre o tema. Antes disso o patrocinador não fora citado, mas um dos que estavam à mesa colocou em seguida que um carro não vai deixar de ser vendido/comprado por conta daquele episódio. O outro convidado concordou. Logo, entendeu-se que a apoiadora era uma montadora de automóveis.

Em princípio, concordei  com os dois. Nesta situação, em um primeiro momento, a relação de consumo não muda bastante. No entanto, importante também para uma marca, além das vendas, é qualidade percebida dela dentro de um mercado, daquilo que as pessoas se lembram quando vêem seu nome ou seu logotipo. Chamam isso de processo de memorização.

Por analogia, famosa marca de cerveja que atua dentro do esporte tem a seguinte política de patrocínios: 1) não patrocina esporte-motor; 2) não patrocina equipes e atletas; 3) patrocina apenas eventos. O porquê de cada ponto: 1) não quer associar-se a possível fatalidade, já que a marca patrocinadora trata-se de bebida alcoólica, ou imaginem um cadáver no meio da pista e, como fundo, uma enorme placa com a logomarca da cerveja; 2) equipes e atletas têm altos e baixos, a cerveja em questão não quer estar nessa ‘gangorra’, ao contrário dos 3) eventos, que são constantes, estáveis, sem esses altos e baixos.

A marca quer ficar na memória, relacionada a coisas boas, a lembranças agradáveis. Não há nada de exagero nisso em a marca querer romper com o clube de futebol e, com o tempo, ser lembrada pelo contrário.