López, Madame Lynch, Duque de Caxias, Batalha do Riachuelo. Infelizmente as relações entre Brasil e Paraguai praticamente começam com esses nomes.
Entretanto os índios Guaranis ocupam(ram) extensas áreas dos dois países. Por isso parte da população puxa o ‘R’ do interior para dentro, gutural. O paraguaio fala o espanhol assim também. Comuns portanto para as duas nacionalidades nomes como Bauru, Curupaiti, Humaitá, Nhu Guaçu.
Para não se falar de Itaipu, Binacional.
Romerito ídolo no Fluminense, Gamarra no Corinthians. Larissa Riquelme e Leryn Franco no Brasil inteiro.
Atlético Mineiro x Olímpia na final da Bridgestone Libertadores 2013. Galo e Rei de Copas. Sobretudo, Decanos. Os cruzeirenses traduzem: ‘Um Cavalo Paraguaio’ x ‘Um Paraguaio’ na final.
Para conspirar e apimentar a próxima quarta (17 de Julho), o Paraguai rejeita voltar ao Mercosul se a Venezuela ficar. E quem mais apoiou a entrada da Venezuela foi o Brasil.
Enfim. Futebolisticamente, o Olímpia vai querer defender o seu ‘Chaco’ de qualquer ofensiva atleticana.
E o Atlético não tem nada a perder na maior chance da sua história.
Não conclua nada com esse texto mesmo. Faça com o Quiz abaixo.
Em meio à toda tragédia sócio-econômica que passa a Grécia, metade do país tem motivos para sorrir. O Olympiacos conquistou neste fim-de-semana a Euroliga de Basquetebol. É como se fosse a NBA da Europa.
Os gregos não têm grande seleção no basquete. Estão distantes de Argentina, Sérvia, Espanha ou Estados Unidos. No entanto possuem grandes clubes com numerosas e fanáticas torcidas. Ademais, a ‘olho nu’, seus jogadores parecem apaixonados pela instituição e completamente mergulhados em sua história, valores, princípios e filosofia de trabalho. Tal lealdade, somada ao festival de fidelidade através de fervorosos cânticos, cores e espetáculo de seus torcedores, conduziu a equipe grega ao título.
É gratificante observar isso em uma liga que cresce em resultado esportivo e financeiro ano a ano, sem perder a essência de um dos principais elementos do esporte, que é o torcedor. Definitivamente um sexto homem (a torcida) fez a diferença e contribuiu para a conquista do Olympiacos.
confira o vídeo abaixo e ainda desafio o paciente leitor para o quiz…abaixo do vídeo!
A discussão do esporte, muito mais que a política, sempre foi muito mais democrática, esteve muito mais ao alcance de todos em comparação com outros temas. Isso é evidente. Na história dos Estados-Nação modernos a política esteve restrita a uma elite. Foi também através dessa elite por onde o esporte entrou na sociedade de cada país. No entanto essa elite, diferentemente de como aconteceu com a política, não teve instrumentos para controlar a difusão dele para as demais camadas sociais.
Isso faz com que todos julguem experts ao palpitar em qualquer área do que chamamos Indústria do Esporte.
Uma dessas áreas é a gestão de equipes de alto-rendimento. Tarefa árdua, delicada e complicada de satisfazer diversos interesses e servir de ‘pára-raios’ em inúmeras situações com dirigentes, torcedores, imprensa e os próprios atletas. O gerente e sua equipe fazem parte do grupo e têm trabalhar para e estar ao lado dos jogadores. Scolari tinha razão com a sua família. Atletas felizes formam ambientes bons, propícios para conseguir bons resultados. No esporte, bons resultados significam vitórias. Vitórias chamam a atenção e geram visibilidade, que potencializa os rendimentos.
Temos, com isso, um ciclo. Um ciclo familiar para os que sabem fazer a máquina andar.
Impressiona-me como preocupam-se com as renúncias de Jack Warner, Chuck Blazer (CONCACAF), Nicolas Leoz (CONMEBOL) e, mais recentemente, João Havelange, da Federação Internacional de Futebol (FIFA).
A repercussão é muito grande, mas o efeito disso nas nossas vidas, inversamente proporcional.
Federações e Confederações são entidades de direito privado. Se ex-dirigentes enriqueceram-se ilicitamente, esse problema é das próprias instituições. Toma essa dimensão porque, diferentemente das entidades, o futebol é público. No entanto, absolutamente nada vai mudar. Eles saem de cena e não vai haver punição. Entram outros no lugar deles.
O blogueiro não concorda com nenhuma dessas atividades ilícitas dos ex-dirigentes. No entanto, é ingenuidade pensar que alguma coisa vai mudar a partir dessas renúncias.
Grande jogo em Montevidéu: Uruguai e Brasil. Ansiosos devem estar os deuses do futebol, afinal este choque já foi final de Copa do Mundo, em 1950.
Praça Internacional, na fronteira entre Livramento (Brasil) e Rivera (Uruguai) (Daniel Badra)
O Brasil não ganha lá há décadas. Vencer o Brasil vai ser uma arrancada para os uruguaios alcançarem o Mundial de 2010, depois de terem ficado de fora em 2006. Dizem todos que de um lado vai estar a raça uruguaia contra o “jogo bonito” que faz o Brasil. Na verdade os dois têm raça e “jogo bonito”.
É muito mais que isso. De um lado estarão Artigas, Schiaffino, Rivera, Gradín, Varela, Mazurkiewicz, Francescoli, Forlán e mais 3 milhões de “orientais”. Do outro estarão Caxias, Floriano, Friedenreich, Patuska, Bauer, Vargas, Jairzinho, Sócrates, Kaká e quase 200 milhões de “nortenhos”.
Dois países tão vizinhos que a sua fronteira se confunde no dialeto portunhol: “…vô ensená meus hijo igual, porque falo melhor castelhano que cualquier montevideano…y si quero falar errado, não tem problema não, nunca uso calsonsiyo por baxo dos pantalão / má quem é tu pá me dizê, como rimá, como vivê, como falá“. Tão vizinhos e tão rivais no futebol. Sadia rivalidade.
E nada melhor que o Estádio Centenário para celebrar essa coexistência, regada a mate e doce-de-leite!
Não faz muito tempo que uma medalhista de ouro olímpica foi insultada e considerada traidora em seu país por haver corrido “quase nua”, de acordo com – deturpadas – tradições da sua pátria de origem. A atleta em questão é a argelina Hassiba Boulmerka, campeã dos 1500m nos Jogos de 1992. Quando do seu retorno à Argélia – com população majoritariamente muçulmana – após este triunfo, boa parte da opinião pública daquele país voltou-se contra ela, por haver corrido quase despida.
A “semi-nua” Hassiba Boulmerka, da Argélia, ouro nos Jogos de 92
Dezesseis anos mais tarde, ou as tradições mudaram ou as jogadoras da seleção argelina de voleibol, presentes nos Jogos Olímpicos, querem desafiar os tradicionalistas de Argel. Diferentemente das egípcias nas Olimpíadas de Atenas (2004), elas jogaram com calções curtos, ou seja, com as pernas à vista. Sinais de mudança? Sim. O país é governado por um regime militar pró-ocidente e averso a um governo fundamentalista. Pode ser que os dirigentes até tenham apoiado esta iniciativa, mas as jogadoras não estão “quase nuas” e os uniformes são bem mais “comportados” que os das italianas, cubanas e brasileiras. Antes disso, o exagero em tudo é ruim e os considerados tradicionalistas devem se ocupar com outras coisas em vez de estarem atentos a grandes mulheres que estão a levar mundo afora o nome da Argélia. O islamismo certamente não está preocupado se elas estão ou não com as pernas descobertas. Independentemente de serem xiitas ou sunitas, vejam as turcas. Vejam as azeris.
Seleção Egípcia de voleibol feminino
Mesmo não tendo um determinado êxito nos Jogos, estas mulheres argelinas já servem de exemplo, que para respeitá-las não é preciso jogar com calças. Tal opinião pode ser considerada extremamente “ocidental”, porém intolerância também pode ser sinal de ignorância.
Nos próximos dias, semanas e quiçá meses, a opinião pública internacional falará muito bem, “babará o ovo” para Nicolas Sarkozy, Presidente da França, um dos responsáveis pelo fim do seqüestro de Ingrid Betancourt pelas FARC-EP (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército Popular) e pela aproximação dos líderes Israelense e Palestino afim de chegarem a um acordo de paz que, segundo o Premiê de Jerusalém, “nunca esteve tão próximo”. Sarkozy, por estes atos, poderá ser visto como um líder compromissado com a paz mundial, um Chefe-de-Estado responsável e, pelos franceses, como aquele que está a reposicionar a França no cenário geopolítico mundial, como nos áureos tempos da Legião Estrangeira. Enfim, palmas a ele.
Recentemente a UEFA (União Européia de Associações de Futebol) tentou aproximar armênios e azeris – inimigos históricos – ao colocá-los no mesmo grupo de apuramento para o Europeu de Seleções de 2008. Não deu certo. Um país não aceitou jogar contra o outro. O esporte não serve como mediador de conflitos, apesar de muita gente pensar o contrário. O que pode haver é uma aproximação entre as duas partes, uma amenização do impasse, mas nunca o fim dele por completo. Neste blog já foi falado sobre a partida de pólo aquático entre húngaros e soviéticos pelas Olimpíadas de 1956, logo após a violenta supressão soviética à Revolução de Budapeste. Qual jogador magiar não entrou naquela piscina sem se lembrar deste fato? Obviamente que nenhum. E na Copa do Mundo de 1998, aquele jogo entre os EUA x Irã: não adiantaram as flores, as placas e demonstrações de amizade antes da partida quando, após seu final, com a vitória dos persas por 2 a 1, a TV estatal iraniana coloca o Aiatollah ao vivo, em uma mensagem a dizer que o povo do Irã é capaz de vencer o grande satã (os EUA).
Confraternização entre estadunidenses e iranianos em jogo da Copa de 98 (Fonte: AP)
Um dos sonhos de Havelange não cumpridos enquanto presidia a FIFA, foi o de realizar uma partida entre Israelenses e Palestinos. O esporte sim é um instrumento para a paz e confraternização dos povos, mas pensar que ele sozinho é capaz de pôr fim a anos, décadas e séculos de hostilidades, é inocência em demasia.
Rosário, Argentina. Estádio Dr. Lisandro de la Torre (Gigante de Arroyito). 21 de junho de 1978, 18:40, horário local. Vestiário (balneário) alvi-celeste:
– Sr. Presidente, onde estão meus amigos? Cadê os meus amigos, Sr. Presidente? – diz Tarantini, entre seus longos cachos.
– Fecha essa sua boca! – diz irritado Héctor “Chocolate” Baley, goleiro (guarda-redes) reserva.
– Honrem a nobreza do homem argentino – diz o Presidente Videla a todos, ignorando o jogador.
Vestiário (balneário) do Peru:
– Manzo, bom jogo. Já sabe – diz Oblitas.
– Não se preocupe – responde o zagueiro (defesa).
Cabine da ATC (Argentina Televisora Color), acima dos vestiários (balneários) dos dois países:
– O Brasil venceu a Polônia nesta tarde por 3 a 1 – diz o apresentador;
– Para chegar à final, são necessários 4 gols. No mínimo! – replica o comentarista.
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21 de junho é uma data importante para o futebol do Brasil. Era para eu escrever sobre o 38º aniversário da conquista da Copa do Mundo de 1970. Mas não. Isso muitos sabem. Aos 21 dias de junho de 1978, houve uma partida pela Copa na Argentina que levantou muitas suspeitas. Era para este jogo contra o Peru ser à tarde. Como visto, foi à noite. Como também visto, os argentinos precisavam ter uma diferença de quatro gols para avançar à final.
Kempes!
Tarantini!
Kempes!
Luque!
Houseman!
Luque!
6 a 0 Argentina. Dois a mais além dos 4 necessários, contra uma seleção peruana repleta de grandes jogadores, como Cubillas.
“Chora, Brasil. Chora”: manchete da “Crónica” de 22.06.1978.
Muito se especula se houve manipulação do resultado por parte dos militares argentinos, que governavam o país à época do Mundial 1978. Havia perseguição política – por isso de Tarantini haver perguntado ao Gral. Videla pelos seus amigos – e recessão econômica. Era preciso uma vitória como em uma Copa do Mundo para desviar a atenção do povo aos problemas do cotidiano. Conseguiram mudar o horário do jogo: sabia-se o resultado do jogo Brasil x Polônia. Dizem que Quiroga, o goleiro (guarda-redes) do Peru, era argentino. Manzo, o defesa acima referido, após o mundial obteve um bom contrato com o CA Rosário Central. Outro indício de cumplicidade com o resultado. A displicência peruana em algumas jogadas, também. Existem também denúncias de ajuda ao governo de Lima, bem como remessas de dinheiro disponibilizadas a alguns jogadores peruanos, bem como dirigentes da Federação do Peru. Nada ainda provado. Argumentam que isso tudo é uma estória brasileira, mas nem os próprios argentinos negam tal versão. Vejam então o início do clipe da música: “La Argentinidad Al Palo”, dos Bersuit:
Segundo Seoane e Muleiro, autores da biografia de Jorge Videla, presidente da Argentina entre 1976 e 1981, no momento do 4º gol alvi-celeste explodiu uma bomba na casa do Ministro do Interior. Eram os Montoneros, grupo guerrilheiro que atuou contra a ditadura. De uma forma ou outra, eles imaginavam este (grande) resultado.
Videla e os campeões do mundo de 1978: “tamojunto!”
Também de uma maneira ou outra, ao certo nunca se vai saber se este jogo fora ou não arranjado. Nada irá mudar também se algo for revelado. É mais uma história para apimentar a rivalidade entre brasileiros e argentinos. Ao final, venceram eles o mundial, graças a Tarantini, Houseman, Kempes e a trave à direita das cabines de TV do estádio do River, que evitou um gol holandês aos 44 minutos do segundo tempo, quando o jogo estava empatado em 1 a 1. A ditadura? Durou até 1983. O povo viveu a vitória por muito tempo? Não, na outra semana já havia greve. Enfim, este texto é dedicado aos 30 anos desta trama.
Já imaginou o Brasil do Norte enfrentando o Brasil do Sul? Ou a Argentina do Leste contra a do Oeste? Você, atleta, jogando contra aquele seu primo que por um acaso mora do outro lado da fronteira? Isso existe, mas não com esses países. São nações divididas, um só povo, uma só língua, separadas por vaidades históricas e que acabam por transferir este choque para o esporte.
Soldado sul-coreano vigia fronteira sob o olhar do “colega” do norte
A Guerra da Coréia (1950-1953) a separou em duas: a do Norte (República Democrática Popular da Coréia) aproximou-se da antiga União Soviética e seguiu um modelo socialista baseado em um regime ditatorial. Hoje em dia é a nação mais fechada do planeta, em grave crise sócio-econômica e constante decadência. A do Sul ficou sob influência dos Estados Unidos e adotou a economia de mercado. Atualmente o seu contexto é oposto ao vizinho do Norte. Recentemente as duas seleções de futebol destes países jogaram entre si, pelas eliminatórias da Copa do Mundo. Como o ditador norte-coreano não permitiu o hasteamento da bandeira e a execução do hino sul-coreano em seu território, o jogo teve que ser na China. Este foi o primeiro ato de truculência. O segundo foi que as torcidas tiveram que ser divididas, assim como os países e, no lado de fora, os norte-coreanos evitavam o contato com os do sul.
Sul-coreanos durante a Copa de 2002
Por não falar da Copa de 74, quando as então Alemanhas (Ocidental e Oriental) se enfrentaram, em Hamburgo, no lado Ocidental. Era o primeiro encontro oficial entre as duas seleções, e os Orientais venceram por 1 a 0. Simbolicamente, para o regime da socialista Alemanha Oriental, significava o triunfo do socialismo sobre o capitalismo. “Não tenho culpa de ter nascido na Alemanha Oriental“, dizia Jürgen Sparwasser, autor do único gol desse jogo. Quinze anos mais tarde, com a queda do muro de Berlim, o futebol colocaria a “cereja do bolo” na reunificação alemã com a conquista da Copa do Mundo de 1990, mesmo sendo apenas com jogadores ocidentais.
Alemanha x Alemanha, na Copa de 74
A partida entre as duas Coréias terminou politicamente correta, 0 a 0, e dentro do campo os jogadores demonstraram “fair-play” e muita diplomacia. É claro que os avanços são ainda tímidos. Neste ano, por exemplo, sul e norte-coreanos entrarão no estádio durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos sob uma mesma bandeira. O esporte só tem a ganhar quando esta truculência terminar. Imaginar em um futuro próximo equipes nacionais de uma Coréia unificada, de dois antigos países com excelentes retrospectos em diversas modalidades. No futebol, Pak-do-Ik – o dentista norte-coreano que fez o gol que eliminou a Itália do Mundial de 1966 – como técnico de um time com Ahn e Park (Sul-Coreanos)!
Comemoração norte-coreana após a vitória sobre a Itália
Nada dura para sempre, assim como os dois Iêmens, os dois Vietnãs e as duas Alemanhas.