Com a classificação do Peru para o mundial de futebol da Rússia no próximo ano, a América do Sul terá 5 representantes no evento. Os outros quatro são Argentina, Brasil, Colômbia e Uruguai. A região tem 10 seleções. Metade delas vai para a Copa. Logo, 50%!
Alta proporção em relação aos outros continentes. A Europa possui 55 membros e teve 14 vagas (25,45%). A Ásia, 47 e 5 vagas (a da Austrália foi na repescagem), 10,64%. A África, 5 vagas entre 56 federações nacionais, 9%. A América do Norte, Central e Caribe, 3 em 41 integrantes (7,3%). A Oceania não teve nenhum classificado entre os seus 14 membros.

Peru celebra gol que o classificou para o Mundial de Futebol em 2018
É grande a proporção de equipes classificadas da América do Sul. É mercado populoso e com poder aquisitivo, mas incomparável com outras partes do mundo como a Ásia, Europa e América do Norte. Por que tamanha diferença nestas proporções? Levanto aqui algumas hipóteses:
- Torneio de seleções mais antigo do futebol, a Copa América, de 1916;
- Número de títulos mundiais, vice-campeões e semi-finalistas em Copas (Chile já foi terceiro em 1962), em proporção ao número de equipes na Confederação da América do Sul;
- Contribuição com o jogo;
Ainda assim acho bastante alto o índice de 50%. Por que as Américas não têm uma confederação continental apenas? A maneira como a modalidade foi organizada na América do Sul foi completamente diferente da das partes Central e do Norte, bem como das ilhas do Caribe. Por que Suriname, Guiana e Guiana Francesa não fazem parte da Confederação Sul-Americana? Pela organização política, econômica, social e cultural desses países e território ultramarino francês, que estão mais próximos dos do Caribe do que dos da América do Sul.
5 das 10 seleções da América do Sul estarão no Mundial da Rússia do próximo ano. É o Conselho de Segurança do ⚽️, quer queiram, quer não. 🌐
— Virgilio Neto (@virgiliofneto) November 16, 2017
Por analogia, a América do Sul no futebol lembra o Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas, que zelam pela manutenção da paz e segurança internacional. Seria a “Liga da Justiça”? É…por aí, vai. Cinco membros do CS são permanentes e possuem poder de veto: República Popular da China, Federação Russa, República Francesa, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e Estados Unidos da América. Os outros 10 países ocupam posição rotativa no CS que dura dois anos.
Se a presença permanente no Conselho e o veto é em preservação à natureza da ONU e da manutenção da balança de poder, tantas vagas para a América do Sul explica-se para preservar uma “balança de poder” do futebol mundial – que atualmente pende muito mais para a ordem econômica do hemisfério norte – e a natureza do jogo, que os sul-americanos receberam e aprimoraram, enquanto que hoje europeus e asiáticos a aperfeiçoaram, ao incorporarem a tecnologia e outros elementos que remontam à Revolução Industrial (1760, 1820 a 1840), como a psicologia do trabalho, os recursos humanos, a produção em série – produtividade, eficiência e eficácia – além da otimização do tempo.
Revolução Industrial que projetou várias modalidades esportivas, entre elas o futebol. Tema para outro texto!