Archive for the 'Marketing Esportivo' Category



Imagem da Marca

Hoje pela manhã assistia ao ‘Redação SPORTV’, programa que gosto muito. Em uma certa altura comentaram uma nota no ‘O Globo’ sobre a intenção de uma patrocinadora do CR Vasco da Gama em romper com o clube em função da briga da sua torcida no último dia 8/12, em Joinville. Alega a marca de não querer estar associada a uma instituição cuja torcida é uma das protagonistas daquelas cenas de brutalidade, selvageria e covardia.

Em seguida os convidados opinaram sobre o tema. Antes disso o patrocinador não fora citado, mas um dos que estavam à mesa colocou em seguida que um carro não vai deixar de ser vendido/comprado por conta daquele episódio. O outro convidado concordou. Logo, entendeu-se que a apoiadora era uma montadora de automóveis.

Em princípio, concordei  com os dois. Nesta situação, em um primeiro momento, a relação de consumo não muda bastante. No entanto, importante também para uma marca, além das vendas, é qualidade percebida dela dentro de um mercado, daquilo que as pessoas se lembram quando vêem seu nome ou seu logotipo. Chamam isso de processo de memorização.

Por analogia, famosa marca de cerveja que atua dentro do esporte tem a seguinte política de patrocínios: 1) não patrocina esporte-motor; 2) não patrocina equipes e atletas; 3) patrocina apenas eventos. O porquê de cada ponto: 1) não quer associar-se a possível fatalidade, já que a marca patrocinadora trata-se de bebida alcoólica, ou imaginem um cadáver no meio da pista e, como fundo, uma enorme placa com a logomarca da cerveja; 2) equipes e atletas têm altos e baixos, a cerveja em questão não quer estar nessa ‘gangorra’, ao contrário dos 3) eventos, que são constantes, estáveis, sem esses altos e baixos.

A marca quer ficar na memória, relacionada a coisas boas, a lembranças agradáveis. Não há nada de exagero nisso em a marca querer romper com o clube de futebol e, com o tempo, ser lembrada pelo contrário.

Produto Bem Alemão

#350

bundesliga2Sem abusos ou absurdos. É o melhor produto esportivo alemão e, como se sabe, cumpre com os requisitos de todos os produtos que vêm de lá: qualidade, excelência e harmonia. Esta última característica é a que mais dita o crescimento da liga de futebol local, a ‘Bundesliga’ (Liga Nacional).

O futebol alemão é transmitido no Brasil desde 1992, mas em função de políticas fiscais e bundesligadesportivas rigorosas, que dão preferência ao atleta, à associação e ao torcedor (os pilares do esporte), o seu crescimento foi devagar, mas constante. Hoje é um dos torneios mais interessantes, que combinam desempenho, espetáculo e competitividade, acessível a todos os tipos de público. É esta a harmonia a que me referi no parágrafo anterior. Diferentemente das outras ligas que existem pela Europa, como a Inglesa, Espanhola, Italiana ou Portuguesa (todas com poucos clubes de ponta). Doa a quem doer, produtos semelhantes só o Campeonato Brasileiro, o Argentino e o dos Estados Unidos (MLS).

A Bundesliga tem conquistado vários mercados e no Brasil cresce bastante. Logo terão que traduzir seu portal da internet para o Brasileiro. Como se vê na foto reproduzida, está disponível nos idiomas inglês, polonês e japonês. Vale a pena conferir, é um torneio muito bom, dentro e fora de campo. Começa neste sábado (10).

 

Cuidado com a Língua

foto

É preciso tomar cuidado, muito cuidado, não importa o idioma. A vontade de interagir com os fãs fez com que os organizadores da Copa Audi, na Alemanha, exibissem na publicidade dinâmica à beira do campo uma mensagem que pensaram certamente ser de apoio. Entretanto, não era, como se vê na foto acima.

Isso aconteceu antes do jogo entre Bayern de Munique e São Paulo. O mesmo podia ter acontecido em caso contrário, em um torneio no Brasil e o organizador brasileiro fosse pego por desconhecer o idioma alemão. Por analogia, é como se uma câmera descuidada pegasse um torcedor com cartaz: “Cala a boca, Galvão”.

Por isso é preciso cautela nas publicações e manter sempre aberto o ‘google tradutor’ na janela ao lado. Vorsichtig mit der sprache*.

* – cuidado com a Língua, em alemão

Relações Internacionais

Internacionalização é a solução. De acordo. Foi o que li no Lance! de hoje, 5 de Junho. Acredito ser uma das soluções para gerar receita dentro do esporte nacional. A seleção de voleibol faz isso, a de futebol também. Elas conseguem transformar seus jogos em um produto para ser consumido mundo afora.

Brazil-v-Russia-logo-3Há quanto tempo a seleção de futebol não fazia uma visita regular ao Brasil? Ela costuma fazer os jogos em Londres, nos países árabes e nos EUA aos finais-de-semana em função do fuso horário mais adequado a uma maior audiência e ao poder aquisitivo das populações desses lugares do mundo. Soma-se a isso a condição de um estádio no Brasil em receber um produto desse tipo: gramado, iluminação, arquibancada e segurança. Quanto à iluminação, reparem um jogo noturno nos EUA, Japão e principais campeonatos europeus e compare com um no Brasil. No Morumbi, a escuridão predomina atrás das balizas.

Eu já disse em textos anteriores sobre o que é preciso para internacionalizar o esporte brasileiro. É só clicar aqui para conferi-los.

Então levamos um clube de futebol para Angola? Ora, podemos. No entanto, com quem concorreremos em Angola? Com o basquete e com os clubes de futebol de Portugal, por tratar-se de uma ex-colônia Lusa. Qual o poder aquisitivo do angolano? Acesso a TV a cabo e a campeonatos brasileiros? Esses são apenas alguns fatores que devem ser levados em conta.

bgtComo é o mercado que queremos estar inseridos? Com quem vamos concorrer? Poder de consumo da população? Acesso aos nossos campeonatos? Como se comportam nossos concorrentes? O que eles têm de melhor? Qual é o histórico de relação desse país com o Brasil? São perguntas que devem ser feitas e o seu produto esportivo ter a resposta para elas.

A mídia é fundamental para isso. Quanto mais canais de televisão do Brasil estiverem presentes pelo mundo, melhor. Quanto mais souberem trabalhar com o esporte brasileiro como um produto de entretenimento e seus os direitos de transmissão pelo mundo, mais fácil de ele ser vendido e, consequentemente, consumido. Por outro lado, os clubes podem trabalhar fazendo algo bem simples: traduzindo suas páginas na internet. O website é a porta de entrada do mundo para o clube.

A partir de então, contratam-se atletas estrangeiros e realizam-se digressões. A marca está mais presente pelo mundo, e cada vez mais chineses, japoneses, árabes, tailandeses e europeus se enchem de souvenirs do seu produto e querem fazer visitas in loco (Brasil) para vê-lo mais de perto. Com isso, abre-se um novo mercado para as agências de turismo no país: o turismo esportivo de estrangeiros por aqui. Não o de brasileiros lá fora.

Internacionalização é isso.

Renovação

Quando ouvimos, lemos ou falamos a palavra que dá título a este post, logo pensamos em um plantel de alto-rendimento. Como este espaço trata de outros temas relacionados ao esporte, a renovação aqui tratar-se-á de símbolos do esporte.

capQuando este blogueiro ganhou o álbum de figurinhas do Campeonato Brasileiro de futebol de 1991 – eu tinha 9 anos -, disse intrigado ao pai: “Pai, existem 2 Flamengos!”. Meu pai logo tomou o álbum e disse: “Não, este é o Atlético Paranaense”. Eu havia acabado de confundir o distintivo do rubro-negro paranaense com o do “clube mais querido do Brasil”, como vocês podem observar aqui ao lado. Hoje, o escudo da equipe do Paraná mudou e lembra muito mais o Clube Atlético Paranaense do que o Clube de Regatas do Flamengo.

E é esta a função de um símbolo. Representar uma instituição, seus valores, sua história, seu legado e inclusive o Everton0palmarés (através das estrelas). Ele deve ser de fácil lembrança e identificação e quanto mais limpo, em consequência menos visualmente poluído, melhor.

Nesse sentido, Everton, Roma e Paris St-Germain (PSG) repensaram seus escudos. Notem que o nome e o que dá identidade ao clube estão valorizados nas novas versões. No Everton, o nome e a torre. ‘Roma’ ocupou o lugar do ASR (Associazione Sportiva Roma). Quem olhava para o símbolo antigo do clube e não soubesse da história da loba e sequer fazia ideia da sigla abaixo do desenho, também não saberia identificá-lo enquanto entidade do esporte.

psgPara o PSG, a mesma coisa. A cidade de Paris é muito maior que o clube. Vincular-se mais ao nome desse município-alfa é projetar a cidade em nível mundial, o que conecta com os investimentos que têm sido feitos dentro de campo.

asromaNão tão radicais têm sido no Brasil o Cruzeiro, o Flamengo e o Corinthians. A equipe mineira consultou a torcida, que prefere as estrelas da constelação soltas na camisa, e não presas a uma circunferência. A torcida do clube carioca prefere a sigla ‘CRF’ fora do escudo, enquanto que os paulistas optaram por excluir as estrelas do símbolo e valorizar exclusivamente a âncora, o timão e os remos.

Essas mudanças se dão com a intenção de se comunicar melhor com o torcedor/consumidor. E quem não se comunica, se estrumbica!

All Americans

É possível que em 2015 a Bridgestone Libertadores conte com equipes estadunidenses e canadenses, da MLS (Major League Soccer). CONCACAF (Confederação de Futebol das Américas do Norte, Central e do Caribe) e a CONMEBOL (Confederação Meridional de Futebol / Confederação Sul-Americana de Futebol) negociam.

Ganham as equipes latino-americanas e as televisões em mercado consumidor e poder de consumo. Ganham as equipes estadunidenses em competitividade e intercâmbio, fora a internacionalização da liga deles. Nós aqui no Brasil podemos acompanhar a MLS. O contrário não acontece em um canal de lá.

Acima de tudo ganha o torneio, com o know-how norte-americano, necessário para competir com uma liga semelhante que é a europeia ‘Liga dos Campeões’. Afinal, as crianças sul-americanas começam a torcer para Barcelona ou Borussia Moenchengladbach (sem sequer saberem pronunciar esse nome) e isso não é bom. Significa menor mercado consumidor.

Pontos a serem observados: logística e fuso horário, que interferem no desempenho do atleta e na audiência da TV. A caminho de uma Bridgestone Libertadores…das Américas!

Timón

A conquista do principal torneio de clubes do continente tem levado o Corinthians a expandir as suas fronteiras econômicas, para além das futebolísticas. As contratações do argentino Martínez e do peruano Guerrero não sugerem somente potencializar o plantel, mas também a marca do clube.

O peruano vem do alemão Hamburgo, o que pode trazer a audiência dos seus fãs do país vizinho. O mesmo caso pode acontecer com Martínez. Ao chamar a atenção para o público estrangeiro não apenas significa que mais camisas serão vendidas no exterior. No entanto haverá uma maior demanda de consumo pelo futebol brasileiro, fazendo com que emissoras de televisão de diversos países se interessem em transmitir o nosso campeonato nacional. E, para isso, se paga uma boa quantia de dinheiro.

É pena que o Brasil e seus clubes estejam fazendo isso só agora, mas bom que faça, em uma altura em que o Campeonato Brasileiro foi considerado, pela IFFHS (Federação Internacional de Estatísticas de Futebol) o 3º torneio mais competitivo do mundo. O Corinthians, pela BDO, a marca esportiva mais valiosa do país. O futebol e clubes argentinos fazem isso há algum tempo. Para se ter uma ideia, nós aqui ‘consumimos’ a II Divisão deles. Nomes como ‘Desamparados’, ‘Defensa y Justicia’ e ‘Almirante Brown’ são cada vez mais comuns entre aqueles que seguem o futebol pelo mundo.

Num momento em que já se passou da hora de encarar o esporte como um produto, internacionalizá-lo tornou-se mais que uma obrigação em um mercado global. Os corinthianos não fazem isso sozinhos: Santos, com Fucile e Internacional, com D’Alessandro e Forlán, são grandes exemplos. Quem ganha é o espetáculo e, sobretudo, os consumidores (também conhecidos como torcedores) que pagam por ele.

Batismo de Fogo

A Argentina disputará a partir deste ano o ‘3 Nações’, tradicional torneio internacional de rúgbi no Hemisfério Sul que reunia a Austrália, a Nova Zelândia e a África do Sul. Obviamente que a entrada dos argentinos fez com que o nome da competição deixasse de ser esse.

Além disso, muita coisa vai mudar também. Os jogos em território argentino vão gerar muitos rendimentos, não apenas com os ingressos, mas já chamam a atenção de todo um continente aflito por grandes jogos de rúgbi. No Brasil, a procura por pacotes já é imensa e também é intensa entre chilenos, uruguaios, paraguaios e demais nacionalidades. Sinal de hotéis ocupados, mais táxis com passageiros, mais restaurantes para atender a todos estes turistas, mais carregadores de bagagens, mais gorjetas, mais pessoas sendo contratadas para atenderem demandas cada vez maiores dos turistas/torcedores/consumidores/clientes. É previsto que a entrada da Argentina neste torneio trará lucro da ordem de 39 milhões de dólares.

Dentro de campo, não há dúvidas de que a Argentina tem tudo para desempenhar um excelente papel frente aos Springboks (África do Sul), Wallabies (Austrália) e All Blacks (Nova Zelândia). Fora de campo, um Batismo de Fogo para um País que quer organizar o Mundial de 2023 ou o de 2027.

Roupa Nova

A Reebok deixará de vestir o Cruzeiro, que passará a ser Olympikus. O Flamengo já é, mas a adidas quer o clube. O São Paulo permanece com a Reebok. Inter, Bahia, Santos e Coritiba deixam de ser Reebok, Lotto e Umbro, para serem Nike. Atlético-MG e Grêmio permanecem Topper. Botafogo é Puma. XV de Jaú também segue com a Nizam.

O contrato da Olympikus com o Comitê Olímpico Brasileiro termina neste ano e a adidas já está de olho. Enquanto isso, a Mitre chega com força.

As grandes marcas querem mercado consumidor com os grandes clubes. O cerco à pirataria está cada vez maior e o torcedor toma ciência de que o que não é oficial, prejudica o seu clube. A gama de produtos que estas marcas colocam no mercado é vasta, e dá a opção ao consumidor entre comprar algo caro e outra coisa barata, porém oficial. Prática comum em outros lugares, mas que só agora toma forma no Brasil. Anteriormente não eram as grandes marcas que detinham o mercado nacional e, nessa linha de pensamento, disponibilizavam poucos produtos ao público. A pirataria, naquela época era intensa.

O aumento da concorrência fez com que Penalty, Topper, Diadora, Kappa e Umbro (nomes mais comuns há cerca de uma década) se reorganizassem ou deixassem de operar no País. Ademais, outras modalidades foram amplamente favorecidas, como é o caso do rúgbi com a Topper e da Nike com o basquetebol.

No outro lado, os clubes querem com isso agregar valor à instituição. Em o Botafogo estabelecer um contrato com a Puma, é conferido ao clube atributos históricos e de qualidade que a marca alemã possui. Também ganha a marca pelo poder de consumo do torcedor botafoguense e pela tradição que a instituição possui.

Por último, a Nike assinou com a seleção argentina de rúgbi, os “Pumas”. Será que o Pichot – que bem vem atuando nos bastidores da modalidade – tem algum envolvimento nisso? Ele veste Nike.

É a dança das camisas.

Foto: Cruijff pela Holanda, contra o Uruguai, na Copa FIFA 1974. A camisa holandesa era fornecida pela adidas, conhecida pelas 3 listas. Sob a alegação de que não recebia nada da adidas para usar a vestimenta da marca alemã, Cruijff era o único jogador cuja camisa havia apenas 2 listas. Pablo Forlán, pai de Diego Forlán, fazia a marcação sobre o batavo.

Conto Chinês

Muito boa a ideia de o Corinthians trazer o chinês Chen Zhi Zhao para o seu plantel. Se ele jogar bem, excelente. Agora, com que propósito o clube traz  um jogador de um país sem tradição no futebol? O futebol? Não, duvido. Para isso formam na base. Mercado consumidor? Ou seja, um chinês no Corinthians levaria a comunidade chinesa no Brasil e os chineses na China e no mundo a acompanharem mais a equipe e os campeonatos locais. É mais pertinente. No entanto, ninguém vê o futebol brasileiro. Nem mesmo o chinês.

Se o campeonato brasileiro é pouquíssimo visto, não vai ser o chinês que vai atrair os olhos do planeta pra cá. Nem mesmo a China, que acompanha os torneios da Inglaterra e Espanha. Motivo principal: antecedentes históricos, as relações comerciais entre Inglaterra, Espanha e o Extremo Oriente. Por que acompanhamos a Liga Portuguesa? Motivos mais que óbvios! Por que a Colômbia segue o futebol argentino e as atividades dos clubes locais? A resposta disso está nos anos 40 e o “Eldorado do Futebol” que foi a Colômbia – que por não ser filiada à FIFA na época, não seguia determinados estatutos que restringiam os compromissos financeiros de um futebolista profissional -, que atraiu jogadores como Adolfo Pedernera e Di Stefano.

Portanto, se os campeonatos locais do Brasil mal são vistos, neste momento o Chen Zhi Zhao não vai ser capaz, sozinho, de mudar esse cenário. No entanto, com planejamento de longo prazo e confiança, o chinês pode ser um marco para a internacionalização do futebol brasileiro.